Em nosso post de hoje iremos discutir sobre o porquê que as religiões não devem ser vistas como fenômenos separados. Logo, a fim de que possamos entender melhor esta questão, iremos esclarecer os principais pontos que perpassam pela religião, destacando, ainda, os motivos que fazem com que haja essa separação.

Sendo assim, embora o assunto seja complexo, tentaremos esclarecê-lo da melhor forma possível com o objetivo de que você comece a pensar e a refletir um pouco mais sobre a religião.

A religião por si só, é um fenômeno muito interessante, uma vez que representa a nossa busca pelo transcendente. É uma forma de organização social e, dessa forma, influencia na própria elaboração de políticas e biopolíticas. Representa, ainda, a nossa jornada em busca pelo imaterial, isto é, pela espiritualidade, pelo transcendente.

As significações que perpassam pelo campo da religião

Visto que, como todo campo da ciência, a cada dia surgem novas conceituações e significações associadas a esse campo, iremos esclarecer essa questão do ponto de vista das ciências da religião.

A religião é algo de múltiplas faces de compreensão.

A religião nada mais é do que uma forma de se religar ao plano imaterial. É uma forma, portanto, de colocar o indivíduo em contato com o plano transcendente. Entretanto, a religião também é compreendida como uma norma e mesmo como uma conduta ideológica.

Dessa forma, esta questão nos redimensiona a pensarmos em uma outra: por que existem tantas religiões? Bom, elas existem porque os seres humanos não se identificam com as mesmas coisas.

Não há homogeneidade. As religiões surgem à medida que novas crenças lutam para serem incluídas neste campo. São os grupos sociais que criam tais religiões.

A influência dos grupos sociais na escolha de uma religião

A primeira coisa que você deve saber sobre a escolha de uma religião é que o grupo familiar com o qual convive influencia nessa escolha. Além disso, pessoas que pensam de forma semelhante a você também influenciam nessa tomada de decisão.

Na vida, buscamos contato com aqueles que pensam de uma forma semelhante. O indivíduo, como, antes de tudo, é um ser social, é afetado por essas influências. É por esse motivo que os seres humanos se agrupam.

O processo de construção e consolidação das religiões passa por essa necessidade. É em virtude do agrupamento entre indivíduos que pensam e agem de forma semelhante que o campo das religiões se torna amplo.

No entanto, cada um tem as suas particularidades. Nesse contexto, é oportuno destacar que os países ocidentais são afetados diretamente por essa multiplicidade de religiões de matriz cristã.

As religiões de matriz cristã no ocidente

Há uma tendência judaico-cristã que afeta a mentalidade religiosa da maior parte dos países ocidentais. De modo que, o livro base seguido por esses países fortemente inclinados para as religiões cristãs é a Bíblia.

O Velho Testamento ampara esta mentalidade, onde os seus cinco primeiros livros, escritos por Moisés, configuram o que é denominado de Torá. Contudo, há outros livros que fazem parte do Velho Testamento que devem ser mencionados.

Embora o judaísmo separe esses livros de uma forma diferente, este influencia a configuração da Bíblia cristã no geral, uma vez que todo o Velho Testamento está ligado ao povo judeu.

O cristianismo é fortemente influenciado pelo judaísmo. A história conta que esse povo esperava pelo Messias que os libertaria.

Assim, Jesus apareceu e colocou em prática essa linguagem messiânica. Os judeus, por sua vez, não aceitaram que ele seria esse Messias.

A pregação messiânica

Mesmo diante dos desafios, Jesus pregava para as mais diversas comunidades naquela época. Algo poderoso nesse exercício da pregação, é que Jesus fazia com que todos ali presentes tivessem contato com o conhecimento. Aqueles que paravam para escutar os ensinamentos eram conhecidos como gentios.

A ideologia judaicas eram apresentadas a esse povo que ouvia atentamente. Nesse sentido, todos aqueles que seguem uma religião de matriz cristã, antes de tudo, devem compreender um pouco sobre o próprio judaísmo.

O conhecimento é essencial para que você possa entender os argumentos presentes no Novo Testamento.

A fim de que possa compreender os ensinamentos de Cristo, é necessário que se prepare para isso, o que implica muito estudo. Há uma ligação muito profunda entre o Velho e o Novo Testamento, uma vez que o próprio Jesus era judeu.

Ali, conta-se a história desse povo. Logo, os cristãos precisam compreender o Velho Testamento para que possam entender os ensinamentos de Jesus.

Ele próprio era judeu, mas não qualquer um: era um verdadeiro mestre, também chamado de rabino (uma pessoa que se preparou por muito tempo para fornecer esse conhecimento aos que necessitam). Posto isso, podemos pensar como essas religiões cristãs foram disseminadas em todo o ocidente.

A disseminação do catolicismo

Em virtude do próprio processo de colonização, diversos países passaram a incorporar essas religiões em suas culturas.

Herdamos essas religiões judaico-cristãs. Assim sendo, há grandes grupos sociais que, ao longo da história, foram influenciando outros menores, de modo que as religiões foram acomodadas na cultura desses países.

O primeiro exemplo que podemos mencionar é o catolicismo. Foi o primeiro contato dos ocidentais com a evangelização.

Assim, pensando apenas no contexto do Brasil, podemos mencionar que, com a invasão dos portugueses e a colonização do país, as religiões indígenas foram apagadas, de modo que os colonizadores impuseram o cristianismo ao chegarem em terras brasileiras.

Posteriormente, os negros foram forçados a abrirem mão das religiões de matriz africana para se converterem ao cristianismo.

Contudo, sempre tivemos e sempre teremos vertentes diferentes de religiões.

Em uma mesma religião é possível notar diversas nuances: no caso do catolicismo, há as igrejas que são mais tradicionais e outras mais amigáveis.

Haviam, inclusive, igrejas em que as missas se davam apenas em latim, o que já não é mais tão comum. Certas missas seguem protocolos muito rígidos e tradicionais, outras nem tanto. Esse processo se dá em virtude do agrupamento de pessoas em um mesmo espaço.

Como o agrupamento entre indivíduos muda essa lógica?

A partir do momento em que os indivíduos se agrupam, os rituais religiosos passam a ser adaptados, visto que a mentalidade da maioria é outra. Novos costumes, crenças e valores são criados. Contudo, por volta de 1517, ocorreu o movimento protestante.

Trata-se de um movimento histórico-religioso muito importante para o ocidente como um todo. Nesse sentido, o protestantismo promoveu uma outra visão sobre o cristianismo. A religião passou por uma nova fase.

Entretanto, como esse movimento foi bastante amplo, outros campos foram muito influenciados, como a própria ciência, de modo que ideias típicas ao Iluminismo tornaram-se bastante populares e, com isso, passou-se a defender o direito de escolha por uma religião com a qual teria mais afinidade.

Todavia, você deve saber que o Protestantismo surgiu dentro da igreja e foi inaugurado por Martinho Lutero, onde a sua luta foi muito significativa.

O movimento protestante e os seus ganhos

Ao falar sobre movimento protestante, há dois nomes célebres que devem ser mencionados, uma vez que inauguraram esse movimento no ocidente.

Eles são Martinho Lutero e João Calvino. Lutero foi responsável pela disseminação do movimento na Alemanha. Calvino, por sua vez, concentrou-se na Suíça.

Ambos foram teólogos que introduziram esta tendência. Lutero, inclusive, era padre. O movimento foi muito importante, pois, por não mais concordarem com aquela configuração de igreja, lutaram para que um outro tipo de igreja fosse inaugurado.

Entretanto, ambos, eram ligados à igreja católica, de modo que carregavam esta herança em sua essência.

Por mais que muitas pessoas critiquem a igreja católica, sobretudo pelas imposições suscitadas pela colonização, não é possível negar a sua influência nos países ocidentais. As demais religiões de matriz cristã nasceram dessas liturgias, crenças e ideologias. Eram gentios católicos que pregavam.

As religiões suscitadas por esse movimento

A partir da reforma protestante, uma série de outras religiões foram inauguradas. As religiões protestantes mais tradicionais são aquelas que revolucionaram a lógica cristã, pois, como vimos, introduziram outras igrejas.

Nesse contexto, podemos citar como exemplo dessas igrejas: a Luterana, a Batista, a Presbiteriana e a Metodista. Contudo, aqui estamos nos referindo, ainda, às igrejas tradicionais, basilares.

Todavia, mesmo que haja outras ramificações, deve ficar claro que todas essas igrejas surgiram do catolicismo.

Cada uma delas seguem vertentes muito específicas, porém, há, claro, pontos de encontro que aproximam todas elas.

O que é interessante na história sobre a consolidação dessas religiões é que surgiram em virtude de um mesmo movimento, mas, ao mesmo tempo, possuem aspectos muito particulares.

As características que diferenciam as religiões

Como mencionamos, com a proliferação das mais diversas igrejas, cada uma delas passou a assumir características muito específicas. Entretanto, essas igrejas, mesmo diferentes, conversam entre si. O mesmo processo acometeu as religiões judaico-cristãs que passaram a entender Cristo como o grande Messias.

Contudo, mesmo que houvesse os pontos de encontro, à medida em que essas religiões foram chegando em outros países, ganharam características próprias. Essas religiões foram ganhando novos formatos porque foram adaptadas a culturas muito diferentes.

As organizações religiosas passaram a promover a manifestação da fé de maneiras particulares. Entretanto, esse não é um problema.

Caso você seja um leitor crítico ativo da Bíblia, perceberá que as igrejas, desde sempre, tiveram os seus próprios aspectos caracterizadores que foram levados em consideração por Paulo.

Os múltiplos conhecimentos e como se manifestam nas religiões

Por meio da própria Bíblia já podemos perceber que grupos sociais diversos tinham percepções diferentes quanto à religião, de modo que a Bíblia nos conta que os judeus foram convertidos ao cristianismo, porém, antes disso, já seguiam a uma religião própria, sendo uma delas o judaísmo.

Foram preparados de uma outra forma, de modo que estavam ligados a um outro tipo de criação e formação. Assim, os gentios, por sua vez, estavam ligados a um outro tipo de conhecimento, pois não tinham a mesma formação que os judeus. A mentalidade era outra.

O movimento pentecostal

Todavia, além do movimento protestante, houve um outro marco histórico bastante decisivo para a consolidação de outras religiões.

Ele teve início por volta dos anos de 1900. Trata-se de um movimento que influenciou, sobretudo, os países latino-americanos, porém, os países ocidentais, de forma geral, também foram afetados. Estamos nos referindo ao movimento pentecostal.

Sendo assim, a primeira coisa que você deve saber sobre esse movimento é que ele também nasceu do movimento protestante. Contudo, como ele surgiu depois, já havia diversas igrejas, cada uma com os seus próprios dogmas, leis e ideologias.

O movimento pentecostal raiz já defendia, desde o princípio, que a fé é manifestada pela palavra e por meio do corpo.

Acredita-se, nesse movimento, que o Espírito Santo de Deus se manifesta por meio da linguagem e do corpo.

Além disso, há alguns dogmas que determinam como os sujeitos devem agir, criando-se, dessa forma, uma espécie de código de conduta. Esses dogmas são criados a partir da compreensão de certos trechos da Bíblia.

Entretanto, como temos enfatizado, o movimento protestante suscitou uma série de outras religiões com dogmas muito bem definidos. Podemos citar como exemplo as religiões dos espíritas.

O surgimento de novas religiões após 1900

Além das religiões ligadas ao espiritismo, devemos mencionar, ainda, as religiões de matriz cristã, herdadas dos escravos. Embora muitos deles tenham sido forçados a se converterem ao cristianismo, as religiões de matriz africana fazem parte de nossa história.

Assim sendo, embora tenha havido essa conversão, muitos dos escravos contribuíram para com a fundação desse outro movimento no Brasil.

Por fim, por volta de 1940, deu-se início a um outro movimento. Surgiu, então, o Movimento Neopentecostal. Ele nada mais é do que um movimento que contribuiu para com a disseminação de uma nova cultura religiosa.

Esse processo de consolidação, embora iniciado na década de 1940, alastrou-se até por volta da década de 1970, de modo que, em 1980, houve uma explosão desse movimento, sobretudo no Brasil.

Embora ao longo dos anos tenha havido essa crescente de religiões, algo que deve ficar claro é que elas não são modificadas e é por esse motivo que novas são criadas, uma vez que nem todos se identificam com aquelas já existentes.